YouTube e algoritmo: o universo do “recomendados” para você

Olá leitores! Hoje iremos falar sobre uma plataforma que está presente na vida de muitos, senão na vida de todos nós, o YouTube, também falaremos sobre o impacto que seus algoritmos causam em nossa sociedade

Fundado em 2005 por Chad Hurley e Steve Chen, nos Estados Unidos, o Youtube é uma plataforma de vídeo, que surgiu a partir da dificuldade em enviar arquivos audiovisuais para outros usuários das redes. Era difícil compartilhar tais vídeos por e-mail, pois os arquivos eram grandes demais. Assim, a criação de uma plataforma em que qualquer pessoa pudesse upar (subir) seus vídeos, permitindo que todos conseguissem visualizar, foi a solução encontrada pela dupla estadunidense.

O termo YouTube vem de duas expressões inglesas: “you” que significa você e “tube”, uma gíria que remete a televisão, portanto, “a televisão feita por você”.

Mas, e hoje? Como a rede funciona? Já ouviu falar em algoritmo? ou “recomendados para você?” O que uma coisa tem a ver com a outra?

A palavra Algoritmo vem do nome do matemático e fundador da álgebra Abu Abdullah Muhammad Ibn Musa al-Khwarizmi (Pérsia, 780-850). Os radicais das palavras algarismo e algoritmo, tem origem de Algoritmi (seu nome na forma latina). Ao longo dos séculos, ela foi se modificando, passando a ser: algarismo (português), guarismo (espanhol), algorithmus (alemão), logarithme (francês) e, atualmente, o termo Algoritmo.

No século XX, durante os anos 1960, Charles Antony Richard Hoare criou o QuickSort, um algoritmo que funciona como método de ordenação eficiente para traduzir um dicionário do idioma inglês para o russo. Tal método é utilizado até hoje e inspira desenvolvedores de linguagem de programação.

Tanto no ambiente analógico, quanto no digital, o algoritmo está presente no cotidiano da sociedade. Ele passa a decidir qual rumo o seu e-mail vai tomar (caixa de spam ou caixa de entrada), ou quais postagens você verá primeiro, no caso do YouTube, quais vídeos fazem mais sentido serem recomendados para você, de acordo com seus dados presentes nas redes e nas suas buscas realizadas pela internet. Enfim, os algoritmos estão em todos os lugares pelos quais você deixou seus dados. 

E na era dos Big Datas, qual é o papel dos algoritmos?

É um sistema de aprendizagem de máquinas (Learning Machine) que a partir de dados comportamentais reconhece padrões e repetições, oferecendo novas recomendações de produtos de acordo com o perfil do usuário da rede social. Essa estrutura criada pelos algoritmos é desenvolvida pela própria sociedade que, por sua vez, interage nas redes digitais, computando dados e decodificando o seu comportamento, por meio de smartphones, tablets e outros dispositivos. Os algoritmos podem identificar os interesses dos usuários na busca de conteúdos nas redes. A partir dos acessos, o algoritmo localiza quais são as suas preferências de conteúdo. Nesse processo, o algoritmo cria uma base de dados de recomendações possíveis para você, como referência, por isso, é importante educar seu algoritmo!

Já o algoritmo inventado pela Cambridge Analítica era muito preciso e a partir de 10 curtidas já conseguia decifrar que tipo de pessoa você é, com mais chance de acertos que seus familiares e amigos. Esses dados, por exemplo, foram fundamentais para produzir uma campanha eleitoral que favoreceu a vitória de Donald Trump nas eleições de 2016. E por meio dessa mesma estratégia, nas eleições brasileiras em 2018.

O sistema de recomendação utilizado pelo YouTube é muito parecido com o que apresentamos até agora, é feito um processo de seleção e filtragem e posteriormente um de ranqueamento das informações importantes para cada usuário. De acordo com Daniela Zanetti, em seu artigo ALGORITMOS E DESINFORMAÇÃO: O papel do YouTube no cenário político brasileiro (2019), há estudiosos da área que afirmam que na primeira etapa do processo (seleção e filtragem), o YouTube seleciona as principais recomendações para cada usuário, considerando suas atividades dentro do site, como os principais vídeos assistidos, suas assinaturas, seus likes e deslikes, suas buscas de pesquisas, os perfis que acompanha, etc. Com tais dados levantados, a plataforma produz uma lista de vídeos que possa ser recomendada a cada indivíduo, passando agora para a segunda etapa do processo, o ranqueamento, na qual, é realizada uma classificação através de uma pontuação estipulada a cada vídeo selecionado pelo YouTube. Títulos, números de visualizações, números de inscritos no canal, likes, dislikes e comentários são alguns dos critérios usados pela plataforma para ranquear as recomendações. 

Entretanto, a lista completa desses parâmetros não é disponibilizada pelo YouTube, fator que abre brechas para algumas problemáticas, como o melhor desempenho para os vídeos que são patrocinados.

Este processo cria o que chamamos de bolhas sociais, pois limita seu acesso a informações divergentes nas redes, fazendo com que os usuários se fechem cada vez mais nas suas ideologias e formas de enxergar o mundo. Cria-se um espaço que some toda e qualquer diversidade de pensamentos, o que contribui para uma polarização ideológica na sociedade – afirma Daniel Loila, no artigo Recomendado para voce: O impacto do algoritimo do YouTube na formação de bolhas (2018), como ocorreu na corrida eleitoral de 2018. 

Tal polarização ideológica foi uma das responsáveis, se não a questão primordial, para um avanço significativo do conservadorismo político social em nossa sociedade. Analisando os vídeos que circularam na mídia digital, e consequentemente estavam presentes no YouTube, muitos eram de teor conservador e em grande parte dos casos tendenciosos e desinformativos.

Esta análise abre espaço para a grande influência que o YouTube, por meio do seu sistema de verificação pode causar, sendo ainda muito questionado como tal processo funciona e quais os critérios para realização dos ranqueamentos, ficando assim ainda mais plausível questionar: quais são os conteúdos que o YouTube nos sugere?

Conhecendo os caminhos que as eleições tomaram, por influência dos conteúdos digitais, é importante refletir a respeito do sistema de recomendação do YouTube. 

Gostou do texto? Qual seu posicionamento sobre o tema?

Referências: 

ZANETTI, Daniela. ALGORITMOS E DESINFORMAÇÃO: O papel do YouTube no cenário político brasileiro. Compolítica, [s. l.], 2019.

LOIOLA, Daniel Felipe Emergente. RECOMENDADO PARA VOCÊ:: O impacto do algoritmo do YouTube na formação de bolhas. Orientador: Profa. Dra. Joana Ziller de Araújo Josephson. 2018. Dissertação (Mestrado em comunicação social) – Universidade Federal de Minas Gerais, [S. l.], 2018.

Tags:

alfabetizacao midiatica, Algoritmo, bolha, Desinformação, foca nas midias, YouTube

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