Vivemos em tempos de múltiplas linguagens, caos e desordens das mais variadas formas. Pensando nas redes sociais com as quais estamos em constante contato, quem nunca reagiu quase que instantaneamente a uma manchete, notícia ou mesmo mensagem repassada que recebeu? E, em seguida, percebeu que nem era verdade. Quem nunca, né?
Mas a desinformação não segue um modelo/formato único. Será que você saberia identificá-la e a forma como ela nos afeta? Consegue enxergá-la dia a dia? Aqui vai uma breve introdução e um quiz feito para você!
O discurso sobre fake news combina duas noções: informação incorreta e desinformação. Uma informação incorreta seria um conteúdo falso, porém a pessoa que está divulgando acredita que a informação seja verdadeira. Assim, quem compartilha este tipo de conteúdo raramente faz isso para causar danos. Essas pessoas são apanhadas no momento, tentando ser úteis, mas falham na inspeção e verificação adequadas das informações que estão compartilhando.
Já a desinformação é também um conteúdo falso, porém aqui, a pessoa que a divulga sabe que é falsa. Trata-se de uma mentira intencional e deliberada que resulta em usuários sendo ativamente desinformados por pessoas maliciosas. Há uma agenda por trás da disseminação de tais informações.
Uma outra noção interessante para pensarmos é a má-informação. Aqui estamos considerando a informação que é baseada na realidade, mas usada para causar danos a uma pessoa, organização ou país. São exemplos de má-informação: assédio, vazamento de informação, discursos de ódio. A informação é verdadeira, mas foi utilizada com objetivo de danificar. Um exemplo mais prático: divulgar que um candidato é ateu para diminuir número de votos.
É importante dizer aqui que por vezes temos a combinação dessas três noções.
Quando falamos em desinformação, muitas vezes recordamos a expressão “fake news”, utilizada de forma muito frequente na atualidade. Apesar de comum, o uso dessa expressão é problemático, pois desvaloriza o conceito de notícia que, no âmbito do jornalismo, só pode se referir a uma informação que passou por um trabalho de apuração e checagem e, portanto, é verdadeira. Além disso, a expressão adquiriu um uso ideológico nos últimos tempos, sendo muitas vezes utilizada para deslegitimar um conteúdo que pode ou não ser falso.
A desinformação por vezes compreende informações verdadeiras que foram manipuladas ou dissociadas de seu contexto original. Dessa forma, nem sempre se trata de um conteúdo completamente falso, como a expressão “fake news” nos leva a crer.
O termo fake news se torna problemático no momento em que aparenta implicar que tudo naquela notícia é falso, o que nem sempre acontece. Conteúdos genuínos podem ser reciclados fora de seu contexto original, não sendo, assim, totalmente “fake”, certo?
O melhor mesmo é pensar no termo news apenas quando a informação passou por um processo de verificação e checagem, ou seja, quando de fato estamos falando sobre uma notícia.
De acordo com o manual “Jornalismo, ‘fake news’ e desinformação”, desenvolvido pela Unesco, existem sete categorias de “desordem de informação” que podem resultar em desinformação. É importante lembrar que alguns conteúdos são claramente pertencentes a um tipo específico de desinformação, enquanto outros podem se encaixar em mais de um. O quadro a seguir apresenta um pequeno resumo de características que nos ajudam a diferenciá-los e identificá-los.