Este é o primeiro post que criamos para esse espaço do site, que tem como objetivo ser a nossa “sala de conversa” sobre temas que envolvem mídias e educação. Para os apreciadores da quase extinta blogosfera, temos aqui uma espécie de blog. Ainda não existe um manual para primeiras publicações, mas não nos parece correto iniciar essa troca sem antes nos conhecermos, certo?
Somos a equipe do Foca nas Mídias, projeto de extensão da Universidade de São Paulo. Temos integrantes de diferentes formações, idades e experiências, mas um objetivo em comum: revelar os perigos da desinformação e ensinar como reconhecer e evitar as armadilhas das redes sociais, a partir deste blog e dos múltiplos meios de que dispomos para compartilhar o que estamos aprendendo sobre o universo da internet.
E para conhecer quem está do outro lado da nossa tela, decidimos criar um questionário, inicialmente para educadores, com a finalidade de entender melhor como elas e eles veem o tema da alfabetização midiática e qual a sua familiaridade no emprego das mídias em sala de aula. Entre os respondentes, professores de 26 a 58 anos de idade, da rede pública de ensino, da educação básica infantil à universidade.
Dados obtidos a partir da aplicação de questionário aos educadores que participaram do curso “Educação midiática: vídeo, ensino e aprendizagem”, oferecido pela Faculdade de Educação, em parceria com a Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, em 2021, e da oficina “Educação midiática e escola: os sete tipos de desinformação”, realizado durante o Evento USP Escola 2022.
Os resultados chamam a atenção para uma conclusão que parece óbvia no contexto de hiperconectividade em que vivemos: precisamos falar sobre o uso de redes sociais em sala de aula. Porém, uma consideração menos óbvia é que, antes disso, é preciso tempo, ferramentas e conhecimento para abordar o tema.
Tempo
Quando se trata de tempo, sabemos bem que educadoras e educadores necessitam realizar múltiplas tarefas durante um período curto de tempo, e sabemos também que nem sempre temos a energia necessária para criar e desenvolver sequências e projetos que saiam da curva do plano de ensino.
Com isso em mente, é mais um de nossos objetivos poder oferecer alternativas e brechas que facilitem o planejamento de atividades, sequências didáticas e projetos voltados para a educação midiática. Afinal, a coletividade é inerente ao trabalho dos educadores e queremos que o blog seja um lugar de troca e partilha de experiências e possibilidades
Ferramentas:
Quando se tratam de ferramentas, surgem novos desafios aos educadores, principalmente em escolas das redes públicas de educação, em que os recursos didáticos e tecnológicos são muitas vezes limitados, tanto no contexto institucional, quanto entre a comunidade escolar. Alguns recursos importantes, como a disponibilidade de uma rede Wifi, que permite o acesso a vídeos, reportagens e outros conteúdos oriundos da internet de forma rápida, além de possibilitar a realização de pesquisas e exercícios utilizando dispositivos móveis pelos estudantes, muitas vezes não estão disponíveis nas escolas. Existem casos em que as instalações e recursos existentes, como a sala de informática, projetores, televisores e impressoras, não estão acessíveis a todos os docentes, bem como situações em que o uso dos materiais não pode ser incorporado à dinâmica de aulas com frequência, devido ao revezamento entre os profissionais.
Além dos recursos materiais, também são relevantes a instalação e a disponibilidade de softwares, licenças de utilização, além de manutenção periódica e reposição de equipamentos quebrados ou obsoletos.
É importante que docentes recebam formações e tenham momentos dedicados ao compartilhamento de ideias e saberes para uso e aproveitamento dos recursos tecnológicos disponíveis em suas rotinas pedagógicas.
A indisponibilidade ou a dificuldade de acesso podem afetar de forma significativa o trabalho pedagógico mediado por tecnologias, além da inclusão digital de estudantes e docentes. Nesse sentido, procuraremos oferecer tutoriais para o uso de alguns recursos educacionais, além de sugestões de ferramentas pedagógicas gratuitas e/ou com licenças abertas, que possam ser facilmente utilizadas e instaladas em dispositivos pessoais e institucionais. Também dedicaremos espaços para o compartilhamento de experiências e dúvidas, visando a troca de saberes e o suporte coletivo às atividades educativas envolvendo o uso de mídias.
Conhecimento
Perguntamos aos docentes qual o nível de conforto com o uso das principais mídias sociais. Enquanto o Facebook e o YouTube aparecem como as mídias que os professores se sentem mais confortáveis, redes como o TikTok e Twitter parecem ser menos amigáveis. Curiosamente, as duas últimas têm uma característica em comum que vem sendo debatida entre pesquisadores, que é a entrega de “pílulas” de conteúdo, informações curtas, completas e rápidas, que podem ser facilmente compartilhadas.
Sabe a dancinha do TikTok, com palavras suspensas no ar? Ou aquela thread informativa no Twitter que poderia ser um textão? Elas fazem um grande sucesso nas redes e têm muita capacidade para gerar engajamento, fidelização e aprendizado de quem está consumindo o conteúdo. Não é à toa que tanto o Facebook quanto o YouTube também se tornaram adeptos ao conteúdo rápido (reels, shorts e similares). Parece um prato cheio para a disseminação da informação. É difícil trazer para a prática em sala de aula uma dinâmica que conhecemos pouco e, por isso, se torna uma necessidade entendê-las em suas particularidades para trabalhar com elas em sala de aula.
Cada um dos tópicos que citamos neste post merece um debate próprio e certamente serão retomados mais vezes aqui. Esperamos que nos próximos meses a gente consiga te acompanhar nessa jornada dentro do “Fantástico Mundo das Mídias” e aproveitar essas tecnologias a favor do conhecimento e da acessibilidade.
Até mais!
Quer saber mais sobre o que são essas pílulas? Dá uma olhada aqui: https://mobiliza.com.br/microlearning-pilulas-do-conhecimento/