Em um fluxo contínuo de circulação de mensagens e informações, qual o meu papel nessa cadeia? O que eu posso fazer para evitar a propagação de desinformação?
Para quem não é jornalista, nem trabalha em uma agência de verificação de fatos, pode parecer difícil agir contra a desinformação, ou mesmo que o impacto da ação individual na rede é muito pequeno para fazer diferença.
Entretanto, agir com responsabilidade e cuidado nas redes não vale somente para evitar a propagação de desinformação, é também fundamental para reduzir os danos de nossa navegação, evitar cair em golpes ou ter informações pessoais apropriadas por pessoas mal-intencionadas.
A desinformação não pertence somente ao universo dos embates políticos ou à atração de cliques para monetizar sites sensacionalistas e enganosos, ela pode estar diluída em conteúdos muito variados, muitas vezes entendidos como inofensivos.
Em um vídeo produzido para o canal “Vaza, Falsiane”, voltado à conscientização sobre o compartilhamento de informações nas redes e o combate à desinformação, o Prof. Pasquale propõe um paralelo interessante entre o modo como agimos no mundo físico e no mundo digital.
Ele comenta que, quando recebemos uma informação ou mensagem estranha em nossa caixa de correio (aquela física mesmo, usada para receber cartas), não costumamos sair por aí divulgando aquela mensagem, nem temos o costume de reproduzi-la e entregar para outras pessoas.
Então, por que isso é tão comum no universo digital?
Por que nos sentimos confortáveis em encaminhar conteúdos que não temos muita segurança ou certeza de sua veracidade?
Seguindo a ideia do vídeo, podemos estabelecer outros paralelos para pensar nossa atuação nas redes. Quando desejamos buscar uma receita na internet ou saber mais sobre um produto que desejamos comprar, quais são nossas primeiras ações? Provavelmente você pensou na etapa de pesquisa. Essa ação tão presente em nosso cotidiano, para solucionar dúvidas simples ou complexas, é geralmente acompanhada de uma ação muito importante, a comparação de informações para a busca de referências mais confiáveis e adequadas à nossa realidade.
Veja alguns exemplos: como mencionamos, ao pesquisarmos uma receita, é comum acessarmos mais de um site ou vídeo, em que atentamos para os ingredientes indicados, o modo e o tempo de preparo, procurando obter uma noção mais completa possível do processo necessário, ou seja, uma visão global.
Quando o material apresenta conteúdos muito vagos ou indica ingredientes mirabolantes, logo passamos para a próxima fonte, buscando algo que contemple a nossa necessidade, seja claro e nos passe confiança.
Quando pretendemos comprar algo que demanda certo investimento, como um celular, por exemplo, também não paramos na primeira referência que encontramos.
Olhamos as informações técnicas, consultamos preços, comparamos os modelos, e procuramos ter uma noção mais completa de suas vantagens e desvantagens a partir de análises técnicas produzidas por especialistas, como sites de conteúdos de tecnologia, perfis de redes sociais especializados no tema, além de materiais de demonstração do desempenho do produto (em geral, desconectados de propagandas, pois elas costumam apresentar versões melhoradas, para induzir à compra).
O mesmo vale para outros processos que vivenciamos no dia a dia, como a procura de uma casa ou apartamento onde desejamos morar, a pesquisa de trajetos para chegar a um determinado lugar, a consulta e comparação de preços de alimentos em diferentes locais, entre outros exemplos.
Em todos esses casos, estamos realizando ações como
- pesquisa,
- busca de fontes confiáveis,
- comparação de informações
- e seleção
daquilo que acreditamos ser uma boa opção para o momento.
Essas ações que já adotamos no dia a dia são também boas práticas no universo da circulação de informações e conteúdos.
Não basta receber uma informação para considerá-la verdadeira, mesmo que tenhamos confiança na pessoa que compartilhou. É importante pesquisar se aquele conteúdo é válido, comparando-o com outros relacionados ao mesmo tema, e buscando sujeitos e fontes especializadas no assunto.
Também é importante ser crítico com o que recebemos, porque mesmo não sendo um conteúdo falso, ele pode ser tendencioso, afirmando algumas perspectivas e ocultando outras, também relevantes para a análise do contexto.
Por fim, mais que compartilhar posts, o importante é dialogar, desenvolver argumentos, ouvir nossos interlocutores, pensar como cada um de nós produziria aquele conteúdo, por quais razões gostaria de divulgá-lo, e estar aberto aos contrapontos que possam surgir de quem recebe.
Até a próxima!
Equipe Foca Nas Mídias