Olá, pessoal!
Que tal começar testando seus conhecimentos dessa vez?
Pois bem, a pergunta é a seguinte: qual foi o aplicativo mais baixado no último ano (2021)?
Se seu palpite foi Tik Tok, você está realmente bem antenado quanto às novidades do mundo tecnológico pois, de acordo com a organização App Annie, o Tik Tok e suas ferramentas foram os aplicativos mais baixados no último ano.
Outro detalhe (que não deve ser nenhuma novidade para você) é que o TikTok, aplicativo lançado em 2012, conquistou justamente o público jovem no Brasil no início de 2021, ou seja, os principais usuários da plataforma na atualidade são seus filhos e/ou seus alunos.
Pensando nisso, o Foca nas Mídias, consultou adolescentes e jovens entre 13 e 25 anos para conversar sobre as suas experiências com o app e coletar algumas dicas. Foi assim que chegamos a algumas “regras de etiqueta” de e para quem usa o Tik Tok.
Cuidado com o vício
Quer confessemos, quer não, não são só as crianças e os jovens que passam horas no celular. Mas veja que interessante: as pessoas com quem conversamos (que são bastante jovens) já reconhecem o risco do “vício” no Tik Tok.
E sim, é muito fácil mesmo acabar assistindo vários vídeos seguidos, porque no Tik Tok encontramos principalmente vídeos curtos. Isso significa que em 1 minuto você pode assistir até 5 ou 6 vídeos e ainda se sentir disposto a ver muito mais conteúdo.
Na verdade, ou você vai assistir o dito vídeo ou vai descartá-lo, e conforme você faz isso o sistema do aplicativo aprende, mais rápido do que imaginamos, quais são as suas preferências – isso é denominado machine learning ou aprendizagem de máquina. Essa ferramenta pode ser muito legal para descobrir novos conteúdos que não pensaríamos na hipótese de buscar, mas também pode ser uma “armadilha”, pois com tanto conteúdo interessante, fica cada vez mais difícil desconectar.
Assim, para compreender o vício e evitá-lo, não podemos ignorar o sofisticado sistema personalizado com que o Tik Tok (e outros apps) funcionam.
Não leve tudo tão a sério!
Tal qual em outras redes sociais, no Tik Tok também há espaço para defender opiniões e pontos de vista, e sabemos como estas discussões podem ficar quentes nas redes sociais. Mas não esquente a cabeça, por favor!
Muitas vezes o que acontece nas redes nos pega de jeito, queremos responder à altura, afirmar nossa posição, defender as pessoas com quem temos afinidade, pontuar erros e acertos em uma conversa ou post, entre muitos outros exemplos. No entanto, se nos deixarmos levar pelo calor do momento, nossas reações podem ser exageradas ou mesmo ofensivas, por isso, vale a pena respirar um segundo antes de ceder ao impulso de reagir. Também é válido refletir sobre como seria aquele diálogo em um contexto presencial, com pessoas que têm histórias, problemas e muitas características invisíveis naquele momento. Algumas observações podem afetar aquela pessoa mais do que podemos imaginar, e gerar consequências para todos os envolvidos.
A sofisticação do algoritmo do TikTok é tal que o nível de personalização se torna extremo. Você e seu melhor amigo podem ver conteúdos e vídeos completamente distintos.
Este algoritmo usa aprendizado de máquina (machine learning, em inglês) para saber qual conteúdo cada indivíduo prefere com base em seu comportamento. De acordo com artigo da BBC de 3 de dezembro de 2020, “O que o torna tão viciante é que ele aprende o que você gosta e o que não gosta. E faz isso rapidamente porque em um minuto você pode assistir a cinco ou seis vídeos. (…) Nesse tempo, você tem que descartar o vídeo ou assisti-lo. E essa ação revela se você gosta ou não. Assim, o ByteDance pode obter muitas informações em um tempo muito curto.”
Em outras plataformas, o processo é mais lento.
Seja autêntico
Muito embora possamos sentir que as melhores ideias são aquelas que a maioria das pessoas já coloca em uso, um espaço como o TikTok, cujo algoritmo é mais livre e flexível, pode ser justamente um lugar para experimentos.
Temos visto muitas pessoas – especialmente durante os períodos mais restritivos da pandemia – tornarem-se famosos fazendo justamente isso: experimentando. Um exemplo são os vídeos da crítica de cinema Isabela Boscov, cujo áudio vem sendo recontextualizado para causar efeito cômico na avaliação de diferentes serviços – como o metrô de São Paulo e itens/ bens de consumo – como chocolates.
Não se trata, no Tiktok, de relacionar um conteúdo a apenas uma fonte, uma pessoa, um perfil, mas sim divulgar informações das mais variadas formas possíveis e criar a sua própria forma de divulgação a partir de reinterpretações. E você, quais ideias gostaria de colocar em prática? De que forma você gostaria de criar e compartilhar esses conteúdos? Será que daria para criar uma série de postagens a partir de uma ideia inicial?
Não confie em tudo que você vê
O efeito bolha criado pelo TikTok se torna cada vez maior e mais potente na medida em que se trata de uma rede social voltada para divulgação em massa de conteúdos – a partir do que você gosta ou não gosta – e não perfis/ celebridades/ pessoas específicas. É claro que muitas pessoas se tornam e vem se tornando famosas a partir do TikTok, mas, conforme aponta o artigo publicado no site mediamanipulation.org, “Ferramentas de compartilhamento de redes sociais […] podem dificultar a ligação do post com sua fonte através de inúmeras plataformas. Encontrar as fontes é ainda mais difícil quando ocorrem grandes eventos, quando a demanda por atualizações locais é mais acelerada do que a velocidade com que fontes de notícias confiáveis e de autoridade conseguem verificar as informações. Nessa busca por notícias, as pessoas procuram por plataformas de redes sociais para preencher as lacunas.”
Como indicado no artigo, a velocidade de compartilhamento nas redes sociais pode ser um problema, uma vez que a verificação dos conteúdos leva tempo. Sabendo disso, pessoas e páginas mal intencionadas tendem a aproveitar essas e outras oportunidades para veicular conteúdos falsos ou distorcidos, promovendo desinformação. O TikTok em particular apresenta um desafio singular para aqueles que tentam decifrar e distinguir fatos de ficção, de acordo com a nossa pesquisa. Várias configurações da infraestrutura tecnológica do TikTok e da cultura do usuário tornam a plataforma especialmente suscetível a conter e espalhar mídia recontextualizada e outras formas virais/ viralizadas de desinformação.
É aí que entra a nossa responsabilidade como usuários e criadores de conteúdo nas redes, de procurar verificar as informações; ter cuidado com dados e interpretações rasas e pouco fundamentadas; evitar compartilhar conteúdos duvidosos, e receber os conteúdos de forma crítica, de modo geral.
Até mais, pessoal!
Texto produzido pela equipe Foca nas Mídias.
Fontes:
BBC < https://www.bbc.com/portuguese/geral-55173900> Acesso em abril de 2022.
Media Manipulation <https://mediamanipulation.org/research/tiktok-war-ukraine-and-10-features-make-app-vulnerable-misinformation> Acesso em abril de 2022.